Tabu - Parte 1: Infertilidade

A infertilidade não é um problema dos outros. Cada vez mais acho que é uma questão de saúde pública. É assustador o número de casais que se veem nas teias deste drama.
Mas se são assim tantos como pode haver tanto desconhecimento e tanto tabu em relação a este assunto?

Desde que o mundo é mundo existem preconceitos, de todas as formas (triste), o único que vejo que até hoje em dia é muito pouco falado ou discutido, é a questão da infertilidade. Por que?

O preconceito começa quando o casal decide ter filhos. Não obtendo sucesso nas tentativas, geralmente a mulher que faz exames e investiga primeiro. Permanecendo o insucesso aí que o homem procura ajuda. E em muitos casos ainda tem alguns homens que ‘não dão o braço a torcer’ e acham um absurdo serem ‘acusados’ de inférteis.
Confundem infertilidade com virilidade.
O problema é do casal, portanto os dois devem se ajudar.

Aceitar a limitação do corpo é o primeiro passo, segundo os especialistas, para diminuir o próprio preconceito. A infertilidade é um luto a ser elaborado. Se não houver aceitação, permanece o sentimento de impotência.  O segundo é inteirar-se sobre o assunto, pois a informação atenua a resistência ao que é novo. Trocar experiências com pessoas na mesma situação também ajuda bastante, porque de começo achamos que isto está acontecendo somente conosco.

Pela questão da idade: se tem 30 anos ou mais, julgam ser sinônimo de não poder mais ter filhos, chamam de “seca”, de “velha”, dizem que o bebê vai nascer com “defeito” ou que jamais vão conseguir engravidar... Falam assim na cara dura como algo normal.

Se a mulher/homem/casal tem problemas de fertilidade e a única opção que tem para recorrer seja tratamentos como por exemplo a fiv, acham que eles tem que se separar, acham que os bebês concebidos por tratamentos nascerão com “defeito”, que essas coisas ‘não prestam’ e por aí vai...
Claro que todas nós queríamos poder conceber nossos filhos naturalmente, mas nem tudo é como queremos e nem na hora em que desejamos.
Não é justo que além do sofrimento gerado pela infertilidade que lhes sobreveio, esses casais sejam ainda "condenados" por recorrerem a um tratamento que pode trazer para os seus braços o filho tão desejado...

Parece que as pessoas precisam ofender e humilhar para se sentirem melhores. Há tempos comecei a me colocar mais no lugar do outro, quando alguém critica algo que fulano fez ou falou sempre digo: ‘e se fosse tu que estivesse no lugar dele, o que tu faria?’        ‘Ahhh eu iria fazer assim....’ ‘Ahh iria fazer assado’.
Não podemos saber. Na hora do desespero, da dor, da tristeza não sabemos como iremos reagir a tal acontecimento, não sabemos qual será a melhor forma de reagir...

A sociedade nos cobra perfeição. Precisamos ter um bom emprego, um casamento feliz, um corpo escultural e, ainda, filhos lindos. Devemos ser 'férteis' como um todo. Se saímos fora desse ‘padrão’ imposto, não está correto.
Queremos muito ser mães, mas não para sermos aceitas, não para estarmos ‘dentro das regras’, queremos ser mães por que este é o nosso desejo, a nossa vontade acima de tudo.
As pessoas ‘cagam’ regras sobre o que o outro passa. Virou um tribunal aberto, onde todo mundo julga todo mundo sem ter passado por situação semelhante.

Passeando pelas redes sociais vejo tanta coisa... tanta gente falando coisas que não sabem, que nunca passaram, como se fossem ‘expert’ no assunto. Minha intenção não é ofender ninguém, mas deveríamos mais seguido pôr a mão na consciência e
cuidar mais das coisas sobre as quais falamos.

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Como vocês devem ter percebido, no Facebook começou o tal do desafio da maternidade.
A minha opinião sobre isso, é que é mais uma ‘modinha’ das redes sociais como tantas outras que tiveram. Cada um sabe do que gosta, do que quer participar, mas muitos não sabem como fazer uso desta e outras redes sociais. O exagero de postagens falando abertamente sobre sua vida, sua rotina, fotos em demasia... Tudo o que é demais não é bom. Alguns dizem: ‘o facebook é meu e eu posto o que eu quiser’. Ok, está certo, mas minha intenção quanto a isso, é somente alertar.

Uma amiga muito querida, me contou o ‘tapa na cara’ que levou hoje, ao emitir a sua opinião sobre tal fato: por ainda não ter filhos (por problemas de fertilidade) e não concordar com o desafio, foi acusada de invejosa e recalcada.
Estou até agora chocada. Por que ninguém para pra pensar o que se passa com ela (com nós)? Por que acham que é frescura, drama a dor que a gente sente?
Não somos obrigados a aceitar tudo o que é colocado à nossa frente e quando expomos nossa opinião somos acusados e julgados cruelmente.

As amigas que tenho moram longe. Conversando com elas, percebo o quanto sofrem preconceito pela própria família, os quais deveriam ser os primeiros a estar do lado delas, por isso acabam encontrando o apoio que precisam, virtualmente, com outras mulheres que estão passando pela mesma situação.

O fato é que pra julgar, machucar, apontar o dedo, tem aos montes, mas para dar apoio e ouvir são pouquíssimos.

Beijo meninas!!

Comentários

  1. Disse tudo!!!!! Apoiada total.

    Mom
    Aguardandodestino.blogspot.com

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    Respostas
    1. Mom, como te disse no ig, este assunto ainda sofre muito preconceito e é muito pouco falado. Precisamos tentar mudar isso!

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  2. Deh, me chama no Whats assim q puder. Meu celular quebrou e tive d colocar o chip em um antigo e não consegui passar a minha lista d contatos para esse cel. Bjs, Amel

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  3. Deh, é exatamente por esses julgamentos que eu e marido estamos 'tentando secretamente'... Realmente muito complicado =/

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  4. Confeiteira Tentante, aprendi que tudo na vida da gente devemos fazer em segredo, é muito melhor!

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  5. Falou tudo. A sociedade sempre está a nos cobrar.
    Se você está chegando aos 30, porque não casou ainda?Vai ficar para a titia..
    Ai depois que casa cobra filhos. Se a pessoa tem só um , é egoísta e tem que dar um irmão para o filho. Constantes cobranças.
    Tenho 35 anos e já estou cansada de ser cobrada para ter filhos.
    Infelizmente ainda não tenho por problemas de infertilidade.
    Mas é uma coisa que não saio por aí comentando pelo simples fato do preconceito.
    Muito triste isso.

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